quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Ativando a mente
Por Desiree Raian
Foto de Jéssica Oliveira


Nome Ana Deiry da Silva >> Idade 19 anos

Rua Janete >> Bairro Ouro Preto

Ocupação Estudante do 2° ano do ensino médio

Religião Assembléia de Deus >>Time Vasco da Gama

Relacionamento Namorando

O que gosta de fazer?
Quando estou em casa, gosto de ler, de ir ao shopping, namorar e estudar.

O que não gosta de fazer?
Ir a bailes.

O que tem de bom em Jardim Pernambuco?
O campo do Brasileirinho. Sempre tem algum projeto lá.


O que não tem de bom em Jardim Pernambuco?
Os fofoqueiros.


Onde se diverte aos domingos?
Namoro e às vezes saio com a família.


Por que veio para o Pro Jovem?
Porque acho interessante. É bom deixar de ficar em casa e colocar a mente para funcionar.


Acha que vai ganhar o prêmio?
Lógico, a história é ótima, e porque marcou o bairro.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O escravo do amor

Por Flávia Ferreira e Caroline Fernandes

Nome Fabiano Fidelis >> Rua São João, Ouro Preto

Ocupação Estudante

Estado civil Comprometido e apaixonado

Religião Budista, mas não sou tão calmo assim

O que gosta de fazer?
Gosto de estudar, namorar,sair e praticar esportes

O que não gosta de fazer?
Não gosto de qualquer ato que prejudique outra pessoa. Em meu bairro, existem pessoas bem humoradas e dispostas a melhorar minha vida e meu bairro, mesmo com todas as dificuldades

O que tem ,ou não,em seu bairro?
Faltam iniciativas que criem projetos de desenvolvimento social e interpessoal

"É uma vergonha um rapaz no auge de seus vinte e um anos nunca ter mexido com obra" disse Fabiano Fideles da Silva, 21 anos , que por incrível que pareça é filho de um pedreiro. Na realidade, o que Fabiano nunca tinha feito era virar uma massa em sua vida; nem ao menos sabia como fazer. Mas a sua inexperiência acabou meses atrás, graças a sua sogra, que o fez de escravo. Ele tudo aceitou por amor à sua filha.

"Como todos sabem, sogra não é mole, é parente de cascavel. A primeira oportunidade que tiver para se aproveitar de você, ela o fará", disse Fabiano, na oficina, ao lado de sua namorada. A cara dela não foi das melhores, afinal era sua mãe, mas isso não fez Fabiano parar de contar sua história.

Um certo dia sua sogra, toda feliz, aproveitou da bondade de Fabiano e o chamou para ajudar na obra. "Ela pediu para que eu ajudasse seu marido e filhos a preparar a casa dos fundos, que estava começando a ser feita Na mesma hora aceitei o desafio, e pela primeira vez em minha vida, virar massa. ,é tudo pela namorada".

Fabiano estava passando por toda aquela sujeira para agradar a sua namorada, que já tinha virado uma 'dona encrenca' como ele mesmo disse. Mas aos poucos ele foi aprendendo como virar uma massa e, mesmo muito explorado, continuou na obra. "Era um tal de carrega tijolo para cá, carrega tijolo para lá e o suor em meu rosto me incomodava". Fora isso, ainda tinha que ouvir o 'Fabiano faz isso, Fabiano faz aquilo' as ordens da sua sogra.que ficava gritando no meu ouvido.

Foi ai que o bicho pegou.começa minha vingança a minha namorada. Como uma jogada de mestre e uma mente maquiavélica, ele aproveitava qualquer dez segundos de descanso e transformava em dez minutos. Levar um tijolo para dentro, tinha um preço, dez beijinhos de sua namorada. Mexer areia significava cinco minutinhos de prosa. A namorada bem que gostou da tática de Fabiano, mas as outras pessoas do quintal não. "Todo mundo ficava, lá dos fundos, me gritando: anda logo Fabiano, tá muito lento', mas eu só queria saber de namorar".

Segundo ele, nem por um decreto trocaria sua namorada por um monte de homem. "Não estava nem aí para as gritarias, pois com minha gatinha em casa, iria querer saber de cheiro de homem?" disse ele amaciando o coração de sua namorada que, ao lado, escutava toda a leitura da história quase que sem acreditar no que ouvia.

"Atualmente a obra está parada, mas eu aguardo a oportunidade de fazer hora extra com minha gatinha" disse ele encerrando sua retrospectiva de uma escravidão.recompensada.

Cimento na boca dos outros é refresco

Por Flavia Fereira, Evio Nobre e Alcyr Cavalcanti


Nome Thales Vinicius da Silva Rodrigues >> Idade 19

Escolaridade Cursa o 2° ano de ensino médio

Ocupação Estudante

Rua Cuiabá, Ouro Preto

Religião Evangélico

Relacionamento Namorando

O que gosta de fazer?
Ouvir música, assistir desenhos e tocar violão

O que não gosta de fazer?
Ficar sem fazer nada e brigar

O que tem de bom em Jardim Pernambuco?
Tranqüilidade e amizades

O que não tem de bom em Jardim Pernambuco?
Falta atividade

Onde se diverte aos domingos?
Na igreja de manhã, a tarde no ensaio da banda e a noite na casa da namorada

Por que veio para o ProJovem?
Para complementar o nível de experiências de meu currículo e pela ajuda financeira

Acha que vai ganhar o prêmio?
Acho que sim, possuo criatividade, porém tempo indisponível

Qual história contou?
Em uma bela manhã de sábado, Thales foi tirado de seu momento precioso de sono. Sua casa estava em obra e seu pai, Silvio, resolveu “bater uma laje” num dia de sábado bem cedinho. "Obviamente eu já estava furioso, afinal nem tinha tomado café da manhã e já vou virar massa, não posso nem descansar" reclamou. Mas o que Tales não sabia é que, rapidamente, seu humor mudaria.

Começaram a trabalhar na laje, e ao meio dia, quando a tarefa estava quase no final , aconteceu algo inesperado. Tales subia a escada com o balde de massa, e tenta passar o balde para Silvio, que l em seguida passou para Pedro, o pedreiro, que acabou virando vitima. O desastrado, em vez de olhar por onde pisava, saiu andando e acabou pisando onde tinha massa. Silvio gritou para que o pedreiro não pisasse naquele lugar e acabou distraindo a atenção e assustando. "Pedro se desequilibrou e caiu por sorte a laje não era muito alta". Nesse momento, Tales estava em baixo mais próximo do concreto, enquanto dois de seus amigos chegavam e presenciavam a cena.

Quando o pedreiro caiu no chão foi só alegria, mais da parte deles que do próprio pedreiro, que em sua queda, caiu com a cara na massa. "Saiu com a boca cheia de concreto, foi uma gargalhada geral" todos correram para, o socorrer, mas Tales não tinha forças e não parava de rir. No final tudo terminou em festa, com muita cerveja e de quebra uma gostosa refeição.

Por que escolheu esta história?
Porque “zoei” o pedreiro por ter caído de cara no concreto

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Boas Novas no Jardim Pernambuco.


Agentes da SEMCID conversam com alunos sobre as obras.


por Flávia Ferreira

Foi um dia não muito comum no Jardim Pernambuco. Assim que cheguei na oficina com Evio Nobre, encontrei no primeiro turno, um grupo de pessoas que não conhecíamos, procuravam se mostrar muito simpáticos e sorridentes. Nunca tinham sido vistos pelo grupo. Eram agentes da SEMCID (Secretaria Municipal das Cidades), que usariam parte do horário das oficinas de Silvano Rodrigues, a fim de falar das importantes obras que estão sendo feitas em Nova Iguaçu, em especial no Jardim Pernambuco. Olhos atentos, 31 alunos (nos dois horários) gravavam mentalmente o que era enunciado. "Essas pessoas estarão diretamente no bairro ligando vocês com a prefeitura, acerca das obras de nossa região, dando explicações e esclarecimentos sobre as obras", disse Silvano Rodrigues.

Os interlocutores

Roberta Francisco, Jorge Luiz e Simone Ribeiro, serão os interlocutores do Jardim Pernambuco. "Nossa função é acompanhar as obras no bairro e trabalhar em conjunto com a comunidade, e as intervenções feitas pelas obras nas vidas das pessoas", explicou Roberta. Enquanto os agentes explicavam sobre as obras, os alunos ficavam atentos a cada detalhe, tentando retirar o máximo que podiam daquele dia incomum.

Os agentes vieram junto com o projeto Nova Iguaçu Cidade, que trouxe a mesma equipe do Rio Cidade para realizar um trabalho de igual importância em Nova Iguaçu. "Esse projeto abrange a Via Light, Bairro da Luz, Jardim Pernambuco em três eixos: educação solidária, emprego e renda, e organização comunitária". Afirma Jorge Luis, que ainda levanta uma séria questão sobre a participação dos jovens nesse processo.

Participação dos Jovens

Para ele os jovens têm o poder de controlar a preservação do ambiente em suas mãos, e tem que se apoderar dela. Jorge conta um caso que presenciou no Campo do Brasileirinho, ao lado da escola onde acontecem as oficinas do Pro Jovem. "Observei que no Campo do Brasileirinho os cachorros defecam nos tijolos e seus donos não retiram as fezes para jogar no lixo" alerta ele. Além disso, ele falou também sobre os bancos que, dias depois de colocados no entorno do campo, já estavam depredados. "Tudo que o poder público desenvolve tem a ver conosco, pagamos impostos em tudo que compramos, tanto para nascer, quanto para morrer" completou.
A idéia é criar um processo de formação de núcleos dentro da própria comunidade para conscientizá-los da importância da preservação dos bens públicos. "Vamos chamar o povo e conversar nas ruas sobre a questão da preservação do meio ambiente, é uma questão de sobrevivência e cidadania".

Depois dos agentes, chegou a vez dos jovens. Um espaço onde poderiam retirar suas dúvidas. Não deu outra, eles perguntaram sobre duração da obra e os riscos de parar por conta de eleição (coincidência ou não, as duas turmas fizeram a mesma pergunta) "Nosso maior medo é que após as eleições ela possa parar" disse a aluna do 2° turno Graciele Moraes, 23 anos . Simpáticos e atenciosos os agentes responderam que a obra durará 10 meses e não corre risco de ficar interrompida. "Por ser um convênio com o governo federal ela não pode ser paralisada, independente de quem for o prefeito", responde Roberta.

Chegou a hora de por a mão na massa

Apresentações feitas, era a hora do jogo começar afinal a semana já tinha sido iniciada .Silvano propôs uma brincadeira muito divertida e artística, na qual, no 1° turno, até eu e Evio fomos incluídos. Voltamos a nossos tempos de infância e brincamos de fazer mímica. O oficineiro dividiu em dois grupos e mandou criar dez palavras que tivessem relação com obra. Os dois grupos teriam que fazer gestos que caracterizassem essas palavras, é claro que alguns se saíram melhor, porém é indiscutível dizer que a brincadeira foi divertidíssima. A ponto tal das pessoas, tanto de uma turma como a de outra saírem falando das palavras e de como poderiam ter feito os gestos.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Tímida por natureza
Por Gisele Reis

Thaíse Santos Silva é uma jovem tímida de apenas dezoito anos. Está mostrando seu temperamento reservado nas oficinas de Jardim Pernambuco. Solteira, mora com os pais e quatro irmãs na rua Caroline. Está no 2° ano do ensino médio e, embora não tenha arrumado namorado, pretende se casar e ter filhos.

Fanática por TV, chega a consultar as revistas especializadas para escolher os filmes e as novelas que vai ver.

Thaíse ingressou no Pro Jovem pensando em se especializar, mas ainda não escolheu o curso. Nunca trabalhou e vê esse projeto como uma janela para o primeiro emprego. Mas também quer conhecer pessoas e ganhar a bolsa. “Esses R$ 100 quebram o maior galho.”

domingo, 7 de setembro de 2008

A acerola da discórdia

Dayane ganhou um banheiro e o MP-4

A dona de casa Dayane Lessa Santos sempre teve uma ótima relação com a mãe, em cujo quintal fez um puxadinho quando se casou. Essa relação só fez melhorar quando teve seus dois filhos, que hoje são a razão de viver da vovó. “Nós até hoje só tivemos problema quando quis construir um banheiro no espaço em que estava o pé de acerola dela”, lembra a filha. Foi sobre as dificuldades que tiveram por causa dessa árvore que Dayane escreveu a história que lhe valeu o prêmio de melhor história da Turma B de Jardim Pernambuco. “História sobre uma árvore preciosa” foi o título que ela deu ao relato que encantou a oficineira Silvana Rodrigues na dinâmica em que essa última apresentou a primeira tarefa da gincana social.

A mãe de Dayane entendeu perfeitamente a necessidade que a filha tinha de ter o seu próprio banheiro, principalmente depois da chegada do seu segundo filho, agora com dois anos. Mas foi logo dizendo: “Você pode fazer em qualquer lugar, menos ali”, disse-lhe apontando para o pé de acerola. A paixão pelos frutos vermelhos daquela árvore só pode ser comparada à que sente pelos netos, nos quais Dayane sequer pode encostar as mãos quando fazem as artes inerentes à infância. “Pra que isso?”, implica a avó quando a mãe vai dar uma bronca ou mesmo uma palmada nas crianças. “Que exagero!” O amor da avó pelos netos pode ser medido pela ameaça que ela faz quando os meninos vão brincar próximo à muda de acerola, plantada por Dayane depois que ela enfim conseguiu construir o banheiro onde desejava. “Ela diz que, se eles arrancarem o pé, ela me mata.”

O conflito com a mãe está longe de ser o único problema de Dayane. “O pai dos meus filhos é um irresponsável”, lamenta ela, que felizmente se juntou a um outro homem, esse sim responsável e carinhoso com as crianças. “O pai é tão ausente que o meu filho mais novo chama o padrasto de pai.” Essa ausência terminou obrigando-a a abrir mão de qualquer carreira profissional ou mesmo educacional. “Larguei tudo para cuidar dos meus filhos”, diz ela, resignada. O Pro Jovem é o início de uma volta à normalidade depois de um período de total inatividade social, iniciado com o nascimento do seu segundo filho, há dois anos. Pretende consolidar esse processo a partir de dezembro, quando inclusive vai prestar vestibular.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Amor que resiste ao tempo e à morte
Por Flávia Ferreira

Thiara Rodrigues Lisboa dos Santos, 19 anos , tem uma filha de pouco mais de um ano e quatro meses. Trabalha como vendedora de roupas, e mora na rua Santo Antônio, em Jardim. Pernambuco. Feito em uma simples folha de papel, seu relato traz uma história comovente.

"Havia uma árvore, mas não me recordo o nome, que era minha melhor companheira. Ela acompanhava a mim e a Dona Amélia desde a infância. Desenvolvi um carinho todo especial por esta árvore, chegando até a conversar com ela. Dona Amélia conversava sobre sua vida, seus problemas, suas alegrias, e sempre dizia :"Essa árvore é minha confidente, sempre fiel, aqui deposito e confio meus anseios", afirmava.

Mas um certo dia Dona Amélia viu que sua árvore não estava mais lá, pois a filha mais velha a tinha mandado cortar. Foi um duro golpe para aquela senhora. Dona. Amélia ficou muito triste com tudo aquilo e adoeceu. Aquela árvore fazia parte de sua história, era sua maior amiga. Com o passar dos meses, Dona Amélia foi ficando mais debilitada por conta da tristeza que corroía seu ser internamente a cada dia, não conseguia ao menos sair de casa, parecia que ia morrer de desgosto..

Milagre da Natureza
Porém em um belo dia de manhã e de forma inexplicável, essa senhora se debruçou sobre suas janelas e teve uma grata surpresa."A árvore estava brotando novamente", explicou Thiara. Dona Amélia ficou com uma alegria só, tratando de ir correndo para seu quintal renovar o velho amor que parecia ter sido ceifado. Ainda hoje e após tantos anos deste amor verdadeiro, a senhora continua a cuidar e amar a árvore, que continua a servir de amiga, confidente e paixão.